Camila Pires
O tempo costumava correr normalmente, sem precipitações e sem perder a hora. Os dias costumavam mostrar o certo ou errado. Costumavam expor caminhos paralelos, caminhos opostos. Quando todos me olharam, com um brilho nos olhos, você conseguiu me dobrar ao dizer que 'não era tudo isso'. Quando sentia que minha companhia trazia sossego, alegrava, você me mostrou que não era tão essencial. Você tomou atitudes que deveriam ser minhas. Você disse palavras que deveriam ser pronunciadas por mim. Você se colocou em uma posição de razão que me desmonta, me tira o fôlego, me faz pensar que tudo tem dois lados e que o meu, é o que escuta, ao invés de coagir. Li frases, escrevi versos e ouvi musicas, mas nada, ate agora, se comparou com cada palavra sua, que veio em minha direção. Mentiras? Talvez. Verdades organizadas, bem dispostas, que vieram com o intuito de conquistar. E conseguiram. Caminho errado? Provavelmente. Caso contrário a hesitação não seria constante e o medo não tão saliente. E por que as palavras? Por que os gestos? Por que os beijos? O dia amanhece, tudo passa. Teu dedos já não são meus, ja não me tocam, ja não agradam. Teus olhos ja não me olham, já não procuram, já nem disfarçam. Paixão? Certamente. E se me entregar é pecado, peço perdão desde já. Peço perdão pelo que foi dito, o que foi feito e foi tocado. Peço perdão pela aparencia, pela insistencia e se foi forçado. Mas perdão não peço pelo sentido. O sentido não. Pois mesmo que eu não tenha a essencia, mesmo que não seja tudo aquilo que me plantam, posso ao menos dizer que sou do jeito que te fez se entregar. Sou do jeito que te deu vontade e, se certa estou, do jeito que te dará saudades. Saudades sentirás dos gestos. Saudades sentirás de mim. Saudades de uma história que, até agora, não teve início, nem fim.
Camila Pires
Às vezes quando o peito aperta e o coração chora sem a gente perceber, as lembranças passam na mente como um filme colorido que, aos poucos, vai perdendo a cor. Às vezes no meio da multidão estamos sós, como o sol quando desperta sem que a platéia o aplauda. Sabe quando os olhos ardem e a boca seca? Sabe quando tudo o que parecia fazer sentido se desmonta e nada consegue colar os pedaços do que se partiu? Eu conheço a dor de quem teve e perdeu. Conheço a dor de quem sonhou sonhos irrealizáveis. Conheço a dor do amor que escapou pelos dedos. Hoje entendo que "adeus" também foi feito para se dizer. Hoje sei o que é ter o coração querendo sair pela boca e ser obrigada a acalmá-lo sempre sussurrando: 'Quietinho aí. Eu não sei quando, mas tudo isso vai passar'.
Nada além de um vício.
Letras e palavras que se desembaralham,
trazendo versos que, às vezes sem sentido, traduzem exatamente o que se passa aqui dentro.

Seguidores

Powered By Blogger
Tecnologia do Blogger.