Camila Pires
"O maior erro da vida é ter medo de errar." E sabendo isso, implico minha imperfeição.
Imperfeita, sim. Por medo, por desconfianças, por tentativas (talvez frustradas) de desafeto. Imperfeita por ter pessoas diante de mim e me sentir retida o suficiente a ponto de não deixar escapar palavras, gestos ou sentimentos que deveriam apenas fluir... nada mais.
A maior clareza da vida é a necessidade de correr riscos. Se não corremos riscos, não vivemos. Essa é a graça de tudo: a queda, os cortes talvez, mas, principalmente, o aprendizado.
Já me ensinaram a amar, já me disseram o quanto eu deveria apenas 'deixar rolar', esquecer do mundo, esquecer de tudo, viver cada momento como se fosse o último de uma vida inteira. Mas isso me escapa pelos dedos devido à insegurança.
Traços os caminhos tentando acertar sempre, tentando não me machucar. Faço isso pelas dores que senti, pelas feridas que se abriram e demoraram a cicatrizar.
Não se sinta mal caso se exponha sem ouvir algo em troca. Talvez este 'algo' venha de repente. Talvez demore pra chegar. Talvez nunca apareça. Mas, por favor, saiba que esteve sempre aqui dentro. Em cada beijo, cada abraço, cada olhar e, principalmente, em cada movimento de meus lábios que foi travado pelo medo costumeiro.
Tenho tentado expôr tudo. Tenho tentado não ligar para o que os outros pensam... mas ligo.
Culpa do caminho milimetricamente traçado, na tentativa de uma perfeição. Mas imperfeita sou eu... perdão apenas!
Camila Pires
O tempo costumava correr normalmente, sem precipitações e sem perder a hora. Os dias costumavam mostrar o certo ou errado. Costumavam expor caminhos paralelos, caminhos opostos. Quando todos me olharam, com um brilho nos olhos, você conseguiu me dobrar ao dizer que 'não era tudo isso'. Quando sentia que minha companhia trazia sossego, alegrava, você me mostrou que não era tão essencial. Você tomou atitudes que deveriam ser minhas. Você disse palavras que deveriam ser pronunciadas por mim. Você se colocou em uma posição de razão que me desmonta, me tira o fôlego, me faz pensar que tudo tem dois lados e que o meu, é o que escuta, ao invés de coagir. Li frases, escrevi versos e ouvi musicas, mas nada, ate agora, se comparou com cada palavra sua, que veio em minha direção. Mentiras? Talvez. Verdades organizadas, bem dispostas, que vieram com o intuito de conquistar. E conseguiram. Caminho errado? Provavelmente. Caso contrário a hesitação não seria constante e o medo não tão saliente. E por que as palavras? Por que os gestos? Por que os beijos? O dia amanhece, tudo passa. Teu dedos já não são meus, ja não me tocam, ja não agradam. Teus olhos ja não me olham, já não procuram, já nem disfarçam. Paixão? Certamente. E se me entregar é pecado, peço perdão desde já. Peço perdão pelo que foi dito, o que foi feito e foi tocado. Peço perdão pela aparencia, pela insistencia e se foi forçado. Mas perdão não peço pelo sentido. O sentido não. Pois mesmo que eu não tenha a essencia, mesmo que não seja tudo aquilo que me plantam, posso ao menos dizer que sou do jeito que te fez se entregar. Sou do jeito que te deu vontade e, se certa estou, do jeito que te dará saudades. Saudades sentirás dos gestos. Saudades sentirás de mim. Saudades de uma história que, até agora, não teve início, nem fim.
Camila Pires
Às vezes quando o peito aperta e o coração chora sem a gente perceber, as lembranças passam na mente como um filme colorido que, aos poucos, vai perdendo a cor. Às vezes no meio da multidão estamos sós, como o sol quando desperta sem que a platéia o aplauda. Sabe quando os olhos ardem e a boca seca? Sabe quando tudo o que parecia fazer sentido se desmonta e nada consegue colar os pedaços do que se partiu? Eu conheço a dor de quem teve e perdeu. Conheço a dor de quem sonhou sonhos irrealizáveis. Conheço a dor do amor que escapou pelos dedos. Hoje entendo que "adeus" também foi feito para se dizer. Hoje sei o que é ter o coração querendo sair pela boca e ser obrigada a acalmá-lo sempre sussurrando: 'Quietinho aí. Eu não sei quando, mas tudo isso vai passar'.
Camila Pires
E mais uma vez a incerteza toma o peito, o sorriso toma os lábios, o brilho toma os olhos. São lembranças que invadem a mente, trazendo um passado que ainda não acabou de passar.
Desconheço seus interesses, suas dúvidas, seus medos. Desconheço as esperanças, as alianças, as certezas. Minhas certezas se afundam na distância, na saudade, na ausência. Ausência que perturba, que traz angustias e ansiedades. Ansidedade que traz, na verdade, a vontade de te abraçar.
Estar nos seus braços, desfrutar os abraços, sentir que, disso tudo, não preciso acordar. Acordada te tenho, acordada te faço, te envolvo no, só nosso, desejo de amar!
Camila Pires
Noite fria, uma neblina, um silêncio.
Murmuros distantes, alentos.
De mãos dadas, um caminho se faz.
Nessa noite calada, um amor inocente ou voraz.
E ainda que fria, traz a noite o mais quente momento
E o amor cria chamas, no seu mais sutil pensamento.

Sem lágrimas, sem medo, se tranforma a confiança
de um futuro sincero, espero, com qualquer esperança.
O caminho traçado, tornando-se realidade.
Deixando de fora incertezas, insegurança e insanidade.
E a vida segue adiante, deixando os restos pra trás.
Restos de um passado morto, de tudo que não satisfaz.

Beijos loucos, gritos roucos, corpos unidos num só.
Cabelos soltos, pele arranhada, momento de alento e suor.
A cama que geme, o vidro que embaça, o amor.
Momento que treme, o mundo que para, o furor.
O mundo parado desperta, levanta, devido a tamanha euforia.
E a noite se acaba de acordo com o tempo, de acordo com o raiar do dia.
Na noite se guardam os desejos, os sussurros, a felicidade.
Arrastando ao sol, em resquícios, os murmuros e a mais pura saudade.
Camila Pires
Não me canso de olhar seu rosto.
Seu olhos, doces, acalmam-me a qualquer momento.
Seu toque, macio, dá-me arrepios nunca antes provocados.
Seu colo, para você, é só seu colo.
Seu colo, pra mim, é tudo!
Camila Pires
Não sou nenhuma especialista no quesito AMOR. Mas não posso dizer que nunca amei ninguém. Não sei explicar ao certo o que é amar. Mas posso dizer que quando a gente ama a pessoa amada não precisa ser especial, não precisa ter nada extraordinário consigo para que a amemos.Basta que ela se aproxime no dia certo, na hora certa, com o sorriso mais simples do mundo e as palavras mais singelas.Quando se ama, o mundo ao redor explode, e você nem percebe. Por que, pra você, a prioridade é quem você ama, e o resto que realmente exploda. Quando você ama, confessa que ama. Não se esconde atrás de máscaras e nem inventa histórias para que ninguem saiba que você está amando de verdade.Você idealiza tudo. Teu humor oscila bruscamente. Você rí, chora, perde a fome, você se perde quando tinha acabado de se encontrar. Eu não sei ao certo explicar o que é amor... Porque de duas, uma: Ou existe mais de uma forma de amar ou eu não amei direito. Porque, sinceramente, o meu amor não deu certo!
Camila Pires
Um dia cheguei a crer que o "pra sempre" não tinha fim, que os finais eram sempre felizes, que os sonhos eram concretizáveis e que os amores eram eternos. Um dia acreditei que castelos de areia existiam e que tudo aconteceria se quiséssemos com todas as forças, mesmo sem saber se querer com todas as forças era possível.
Foi quando conhecí você. Você me mostrou que nem tudo eram flores, que finais nem sempre eram felizes e que, menos ainda, homens eram príncipes.
Me mostrou que existiam sonhos distantes, destinos distantes e pessoas mais distantes ainda. Me provou que nem sempre o amor vence tudo, que os desejos nem sempre se realizam e que nem sempre a vida segue o caminho mais fácil.
Mas, acima de tudo, foi você que virou meu mundo de cabeça para baixo e me fez querer acreditar que tudo era possivel. Você foi aquele que me fez ter altos e baixos, que me mostrou o nervosismo e me apresentou a calma. Você me fez sorrir por bobagens, chorar por saudades e querer, com todas as forças, apenas um abraço.
"Querer com todas as forças" é, então, tão possível quanto provável. Fazer dos finais sempre felizes é tão possível quanto os sonhos são realizáveis. Amar eternamente é tão possível quanto lembrar você todos os dias.
Amar eternamente é apenas amar.
Amar você aconteceu apenas por tê-lo conhecido.
Conhecer você aconteceu apenas para que eu soubesse que antes de ti meus dias eram sempre iguais.
Camila Pires
Sabe quando o vento sopra e um perfume toma o ar de repente? Um sorriso toma o rosto, como um brilho toma os olhos, numa sintonia incessante e irredutível.
Irredutível é a chama acesa no peito, a esperança e o desejo de que tudo seja não menos que palpável, não menos que apurável, não menos que físico.
Físico para que possa ser curtido, compreendido e abusado. Fisico para que possa ser realizável.
Desejos realizáveis não são apenas desejos. São promessa feitas a nós mesmos, que exigem não só paciência e vontade. Exigem formas, exigem caras e bocas, exigem a maturidade de desejos realizáveis.
Maturidade que explica o encaixe de corpos, sintonia de beijos, calor de abraços. Que força a entender os perfumes e o sopro dos ventos.
Ventos que trazem saudades, angústias, certezas. Certezas baseadas em sentimentos. A simples certeza de se querer por querer... e nada mais.
Camila Pires
Não ouço teu passos, não sinto os abraços e nem tuas mãos tocarem as minhas. Não sinto teu cheiro, teu calor não me passa, não me passam teus beijos.
A tarde cai e um friozinho adentra a noite, me roubando o sono por não ser ao seu lado que me deito.
A cama vazia, fria, sem graça, hoje maior do que ontem, só me mostra a vontade, o desejo.
Uma cama, uma coberta, um corpo. Uma só noite em todas, ou todas elas numa só. Todos os sentimentos, uma só pessoa, mais ninguém.
Uma cama, uma coberta, um corpo. Eu te quero, eu te espero. Vem!
Camila Pires
Hoje tenho um brilho nos olhos, um sorriso no rosto, um alívio.
Hoje meu choro é de alegria, minhas lágrimas de encanto, fascinio.
Como criança, dou risadas sozinha. Paro diante do espelho e me sinto mudada, me sinto crescida, sem necessariamente me sentir mulher.
Hoje a mulher se mistura, se empolga, sem perde como quem não sabe a hora de parar.
Hoje eu tenho você. Você é o culpado dessa mistura, dessa loucura. Vem de você os sorrisos, os feitiços e as lágrimas envoltas de delicias. Vem por você essa insanidade e a maluca vontade de te desvendar.
Obrigada pela paz que me abriga, pelo sorriso que intriga, pela vontade tão louca que me fez te enxergar. Obrigada pela doce aventura, pela gostosa fissura. Obrigada por, de algum jeito, me fazer te amar!
Camila Pires
Estou num quarto vazio, diante de restos de história que não consigo entender. São lembranças, sorrisos, lágrimas. Fragmentos. Peças soltas de uma vida que não volta mais. Fragmentada estou eu, como esses pedaços. Sinto-me partida, sinto-me perdida... Choro.
Choro todas as lágrimas e sorrisos, todas as noites frias que não têm fim. Choro a saudade, a ânsia, o choro, a distância. Choro os caminhos.
Passo a passo, dia a dia, o relógio parece não querer colaborar. E aquele tempo não volta, a distância não cessa e eu não encontro refúgio para me abrigar.
No quarto vazio, nada me conforta. A chuva cai, lá fora, anunciando as esperas que não vão chegar.
Camila Pires
E de repente tudo perde a graça. Tudo, de repente, perde a cor. De repente os pássaros não cantam, o vento não sopra. De repente a vida pára, sem encontrar sentido pra continuar.
De repente eu percebo que as pessoas não são as mesmas, as ruas não são as mesmas, os gestos, os gostos, os sorrisos. Eu percebo que não tenho mais os abraços, os carinhos estão mudados, eu não estou no mesmo lugar.
Tudo é novo, tudo é estranho e tudo o que antes fazia parte do dia-a-dia parece se esvair como respingos de água sob o sol. Não sei o que faz sentido e o que deixou de fazer. Não sei há quanto tempo o sentido de tudo se foi. Há quanto tempo eu estou perdida, sem me dar conta das distâncias, das saudades? Há quanto tempo meu filme passa em preto e branco e eu me arrasto, como quem procura retorno num caminho que não se pode voltar?
Não se trata de desistir de tudo. Trata-se de uma insegurança, uma incerteza, uma abstinência que parece só querer dificultar.
E de repente eu choro. Choro com o que sinto, com o que vejo, com o que lembro e o que deixo de lembrar. De repente, eu percebo os motivos...
Hoje acordei, e percebi que você não estava lá.
Hoje percebi o tamanho da falta que tudo me faz. O tamanho da dor que isso me traz.
Hoje percebi que não tenho as velhas palavras pra me acalmar, os velhos sorrisos pra reconfortar, os velhos afagos, as velhas mãos dadas, o velho caminho que nos fez mudar.
Hoje, porém, eu sinto que esse tempo ainda se guarda dentro de mim. Sinto que, quem sabe, ele possa despertar.
Hoje sei que tudo que se foi, um dia volta. Hoje digo que pago pra ver esse dia voltar.
Camila Pires
Deitada, lembranças me invadem. Em minha mente estão teus olhos, teu olhar que ao mesmo instante me deu uma sensação estranha e me fez sentir algo tão bom.
Faltaram-me palavras para dizer o que senti diante de ti, mas sobraram força e coragem para me entregar.
Durante muito tempo vivi em um mundo cercado de ilusões, o qual só nós dois existíamos, o qual nem tudo foi perfeito.
Hoje, com os pés no chão e o coração na mão, a certeza me diz que amei um ser idealizado. Amei alguém que jamais existiu e, se existiu, jamais me amou igual.
Hoje, é intensa a dor que sinto no peito. Uma dor de quem acordou de um sonho bom, de indecisão entre o dever e o querer. Uma dor incessante por ter que te observar de longe fazendo coisas que já começavam a entrar em minha rotina.
Hoje, portanto, resta-me apenas lembranças de tempos em que não precisei ser forte diante do telefone. Tempos que não me pegava chorando no meio da noite.
Hoje eu choro. Choro todas as vezes que vêm à cabeça as lembranças, os detalhes, mas, principalmente, a certeza do fim.
Camila Pires
Em algum lugar no tempo ficaram guardadas as palavras.
Em algum lugar o tempo guardou os momentos.
Em algum lugar está guardado você.
Ficaram guardadas as risadas, as lágrimas e tudo que um dia ousamos sonhar.
Sonhos criados em bases incertas, prestes a não suportar.
Seus braços foram meu apoio, seu sorriso meu porto seguro, seu corpo se tornou meu corpo e sua fuga foi minha queda em um abismo que nem vi surgir.
Pensamentos viram nostalgia a cada passo, a cada pedaço de tudo que faço, a cada minuto que o telefone teima em não tocar, a cada minuto que você não volta.
O tempo arrancou de mim os momentos, mas não as lembranças e nem mesmo os pedaços seus.Esses ficarão guardados comigo, para que eu possa achar conforto sempre que chorar por alguém que não chega aos seus pés
Camila Pires
Às vezes o vazio me consome, o medo aperta meu peito.
É, na verdade, uma incerteza, um frio na barriga por aquilo que desconheço.
Esse medo não é do passado, nem do presente, mas sim do futuro.
O passado não me amedronta, o presente não me domina, a vida apenas segue no ritmo que deve ser.
Do passado sinto saudades.
No presente mantenho a calma, vivendo um dia de cada vez como se o céu fosse o limite, o mar fosse sempre azul e o horizonte estivesse bem ali, no dobrar da esquina.
Sobre o futuro? Esse costuma ser incerto e quando eu menos espero o passado vem à tona, o presente fica estagnado e o futuro se fecha numa caixa de lembranças que eu nem ao menos sei a que tempo pertenceram.
Aí percebo que o limite é que se encontra na próxima esquina, que o mar também oscila e que o horizonte é mais distante do que eu pude imaginar.
Aí, então, fecho os olhos.
Fecho os olhos e percebo que tudo é apenas como tinha de ser e que não mais será se assim for o caso.
Apenas fecho os olhos e deixo que a vida aja, que o mar me ofusque, que o horizonte se aproxime e que o limite vá muito além do céu.
Talvez, assim, eu entenda porque é tão difícil não te ter aqui.
Talvez, assim, eu perceba porque é tão difícil não dizer ‘te amo’.
Talvez, assim, eu descubra porque o mar é azul.
Talvez assim eu saiba porque durante algum tempo eram suas as pegadas que estavam junto as minhas na areia.
Camila Pires
É estranho acordar e sentir tudo vazio ao meu redor.
É estranho sentir que nada é como antes.
É difícil olhar para o espelho e tentar enxergar alguém que não existe mais. Assim como também é difícil dizer ‘adeus’ a alguém que nem ao menos está por perto.
Por vezes acreditei poder sentir seu cheiro, olhar seus olhos, tocar seu corpo.
Acreditei que tudo seria possível se nós sonhássemos juntos. Mas foi tudo tão oposto.
Às vezes as idéias se misturam, se confundem, se perdem na sensação de perder você.
Nem sempre se encontra o final feliz. Mas poder guardar as lembranças me conforta.
Conforta-me sentir que nada foi ilusão. Que os sentimentos foram reais, as palavras foram sinceras e que tudo o que fiz, fiz por tudo o que senti.
É tranqüilizante saber que o fiz sorrir quando não podias, encantei-o quando não querias e fiz você me amar quando achaste que não amaria outra vez.
Homens comuns não atraem, mas você foi diferente.
Fizeste-me sorrir quando não podia, encantaste-me quando não queria e me fizeste amar você quando não achei que amaria outra vez.
Peço perdão por minhas falhas, meus medos, minhas dúvidas.
Perdão pelos nervosismos que te dei, os problemas que causei e as brigas que não evitei.
Perdoe-me pois mais uma vez vi seu rosto ao fechar meus olhos, mas mesmo assim direi que, hoje, nem me lembrei de sua existência.
Camila Pires
Com um simples sorriso, o sol parece voltar a brilhar.
Em uma simples palavra de carinho, o poder de transformar meus dias se mostra presente.
Na mais simples conversa a certeza de que estamos na mesma estrada arranca toda e qualquer dúvida de que nossas mãos estão unidas, nossos braços estendidos e nossas histórias completas numa amizade inconfundível, um carinho indispensável e um amor incomparável.
E tudo isso só e possível porque, de repente, você surgiu.
Você me mostrou que nem tudo na vida precisava se perder um dia.
Você me trouxe alegria, ao mesmo tempo em que deixou que lágrimas rolassem pelo meu rosto, apenas para poder enxugá-las.
Você me deu a certeza de que a vida tem seu rumo.
Você me ensinou quão importante alguém poderia se tornar para mim.
Você me fez sentir que sem você eu não vivo.
Você me fez descobrir o que realmente é amor.
Camila Pires
Saudade que aperta, lágrimas que rolam, sensações e inseguranças de tudo novo.
A velha cidade ficando pequena, sumindo entre nuvens que me levam daqui.
As lembranças passando na mente como um filme colorido que aos poucos vai perdendo a cor.
O medo, a aflição, a ansiedade por tudo que desconheço, por tudo que não tem preço, por tudo que agora for.
As lembranças, as saudades, mas principalmente a certeza de que nada acabou.
Estás apenas guardado, ansiando por um reencontro próximo e muito mais proveitoso.
Estás guardado para sempre, por um sentimento que é só nosso.
Um sentimento importante e inesquecível que existe apenas para nos explicar o significado da palavra amor.
Camila Pires
O telefone que não toca. A voz que não escuto. O perfume que não vem.
A lembrança que se aconchega, o medo que invade, a incerteza de tudo o que veio e do que ainda nem se foi de vez.
Minha cabeça aos poucos se confunde em pensamentos soltos que deveriam se desenrolar. É o medo de dizer, o medo de não falar e a certeza de que sumir seria uma solução.
De repente estou com as mãos vazias, o cheiro da roupa desapareceu.
De repente embaixo dos meus pés há um abismo e acima de minha cabeça algo prestes a desabar. De repente quem desaba sou eu.E de nada adianta esperar o toque do telefone, cheiras as roupas de sempre ou tentar disfarçar o medo. Porque de repente quem veio, se foi. E quem não tinha ido, pode nunca mais voltar
Camila Pires
Como é possível sentir um amor assim tão grande?
Como, de repente, alguém inesperado torna-se tão importante em nossa vida?
Como é possível viver por você, respirar você, amar você de um jeito tão intenso assim?
Todos precisam de alguém que ‘simplesmente’ ame de verdade.
Peço perdão se não é suficiente, mas tudo que tenho a lhe dar é o amor que trago no peito.
Amor sem medos, sem dúvidas, e com toda vontade de ser.
Preciso de você aqui comigo. Preciso, ao menos, de uma hora, um minuto ou mesmo um segundo. Apenas um olhar, um beijo. Talvez apenas um abraço para que eu possa sentir seus braços, seu corpo, seu cheiro.
Dá-me uma chance, apenas essa chance.
Apenas para que eu possa te mostrar o que é amar...
Apenas para que eu possa te mostrar como te amo.
Camila Pires
Fechar os olhos e ver teu rosto já não é tão raro.
Imaginar sua pele encostada na minha já começa a entrar na rotina.
Ouvir sua voz me acalma, sentir seu cheiro me dá esperanças e saber seus desejos aumenta mais à vontade de ser ao menos uma parte de ti.
A distância que sufoca aos poucos, parece dizer que é mais forte que eu. Parece deixar clara a nossa impotência. Parece vencer uma luta da qual nenhum de nós sai imune.
Quanto mais distante te vejo, mais perto te quero. Independente de tudo que eu não possa alcançar.
Como dona da minha verdade, preciso e quero você nos meus caminhos.
Sinto sua falta a cada passo que dou sem estar ao teu lado, a casa gesto que me lembra você, a cada rosto que não é o seu.
Sinto você com todos os meus sentidos.
Quero você nos minutos mais felizes das minhas horas, nos instantes mais importantes dos meus dias, nos momentos mais perfeitos da minha vida.
Camila Pires
Aqui estou sentada, perdida no tempo, olhando para o nada, como quem procura e não encontra.
Aqui estou eu perdida, olhando o horizonte, tentando enxergar quais teriam sido os erros.
Aqui estou eu revendo meus erros, pensando no que teria sido ou o que realmente não deveria ser.
Aqui estou eu tentando entender o que seria de nós.
Aí está você, sozinho, olhando para o nada e imaginando como seria, se o caminho fosse outro.
Aí está você querendo dizer algo e percebendo como as palavras simplesmente não saem.
Aí está você, perdido, precisando de alguém que apenas te faça esquecer esse breu.
Aí está você tentando entender o que seria de nós.
Portanto, aqui estamos nós. Um para cada lado, fingindo que nada mais interessa ou que nada aconteceu.
Aqui estamos nós, vivendo um dia após o outro e esperando que o mundo realmente dê voltas.
Aqui estamos nós, tantos ‘se’, tantos ‘talvez’, que nem sabemos afirmar o que é certo.
Aqui estamos nós, caminhos certos, destinos opostos, mas um dia nos encontramos de novo.
Camila Pires
Explicar às pessoas “quem sou eu”, nunca foi algo muito fácil pra mim. Tomo-me por alguém carinhosa e romântica, que muitas vezes olha pro espelho e enjoa da própria cara por essa mania de passar a vida esperando a pessoa certa. Momentaneamente revoltada, escrevo crônicas. Revoltada, por que em meu estado normal, escreveria poemas. Aqueles poemas apaixonados, pensados e repensados, escritos em um dia triste após uma noite de brigas, ou não. Mas quando o amor me irrita, quando eu resolvo que não devo satisfações a ninguém, aí eu percebo que a vida é mais fácil do que a que descrevo em meus poemas. Que o sofrimento depois de um tempo, passa. Que amores, vem, amores vão. E que você continua vivo, mesmo depois de achar que a terra realmente vai engoli-lo pra sempre. Questiono-me se esse drama amoroso pertence só às mulheres. Nos atuais dias a certeza da resposta não é tão grande. Hoje, digo que se homens são todos iguais, mulheres também são. Sempre com as mesmas birras, os mesmos disfarces, as mesmas mentiras, o mesmo egocentrismo rotineiro que “não respeita cor, credo ou claro social”. Sou alguém que gasta muito tempo de seu dia em frente a um computador e que sinceramente não vê isso como, literalmente, perda de tempo. Não me tome por uma “nerd”, que passa o dia inteiro em frente a uma tela fria, vivendo num mundo que não é meu. Nada contra os “nerds” (já dizia Bill Gates que não se deve menosprezá-los, por que um dia trabalharemos para um), mas “nerd” é o último adjetivo que alguém me daria ao me ver pessoalmente. Sou um tanto empolgada demais pra esse modo de vida, se é que me entende. Sou alguém que não pára quieta, que não dorme quieta e que aos fins de semana não sossega até que algo atrativo apareça para que eu possa fazer. Sou caseira, mas nem tanto. Festeira, mas só um pouco. Sou meio limão, meio mel. Nesse sentido mesmo, meio azeda, meio doce. Não me irrito com menstruação, choro. Aliás choro por tudo. Tenha paciência e não olhe feio para mim se não quiser ter que me acalmar segundos depois. Alguns me tiram para louca, por minhas repentinas “caras-de-pau”. Realmente repentinas. Na maioria dos tempos sou tímida. Uma tímida um tanto atirada. Mas ainda sim tímida! Falo bastante (já notaram?) e quando me encaixo num assunto de meu agrado, vixi, haja ouvidos e tempo para que eu termine meu repertório. Alguns dizem que tenho metas a alcançar durante os dias. Por exemplo, dizem que devo me superar a cada dia na quantidade de palavras que falo. Enfim, hoje estou revoltada. Hoje não devo nada a ninguém. Hoje sou a autora de um livro de crônicas que mal saiu do papel, mas que pra mim e para os amigos já é um sucesso. Então se aproveite da minha revolta. Delicie-se na minha independência momentânea. Quem sabe amanhã eu já não esteja voltando aos meus poemas dos dias tristes? "Êta vidinha besta meu Deus"!
Camila Pires
Mulher é uma coisa esquisita. Tenho que, mais uma vez, deixar meu ângulo feminista de lado e confessar: somos estranhas. Não só em relação a nós mesmas, como também em relação ao sexo oposto. Pense num ser que parece ter nascido com o dom do sofrimento. Se é que se deve chamar isso de dom. Sentimos dores ao menstruar, dores ao ovular, dores de parto, dores pós-parto. Sentimos dores até quando não temos idade para mais nada disso. Reclamamos se estivermos gordas, mas também se estivermos muito magras. Reclamamos que a menstruação vem, mas nos desesperamos quando ela demora. Reclamamos que estamos envelhecendo, quando passamos a vida toda querendo ficar mais velhas. Às vezes parece que não sabemos o que queremos da vida. Tem mulher que diz que não suporta homem grudento. Mas basta ele passar dois dias sem ligar e o comentário seguinte é qualquer um do tipo “se eu não ligo, não é?”. Tem mulher que adora fazer um ciúme, mas quando a cena acontece, fecha a cara. Dá uma de adolescente emburrada e se faz de magoada até a hora que eles pedirem desculpas. Aliás, está aí outro problema nosso. Pense em um ser orgulhoso. Pensou? Multiplique por dez e eleve ao quadrado. Somos nós, mulheres! Quando queremos castigar alguém, ou ao menos fazer com que entendam nossa chateação, deixamos que o orgulho fale mais alto. “Se ele não ligar, também não ligo”. Ponto final! Somos encrenqueiras, somos tagarelas e somos invejosas. Sim, nós somos! Que mulher nunca olhou para outra na rua e pensou: “O que ele viu nela, que não viu em mim?” ou então “por que meu cabelo não é desse jeito?”. Somos invejosas mulheres, confessemos. Sempre há aquela pontinha de ciúme ou de rancor por que alguém sempre vai ter algo melhor que nós. Ela sempre será mais bonita. Seu cabelo sempre será mais liso. Seus olhos sempre serão mais claros. Seus homens sempre serão mais atraentes. E nós sempre babaremos por coisas inalcançáveis. Mas, independente de tudo isso, esse mundo não vive sem nós, mulheres! Somos nós que damos sentido a tudo. Nós somos necessárias, somos desejadas. Nós sabemos confortar, sabemos abraçar. Damos os melhores carinhos, temos os sorrisos mais bonitos. Aos olhos masculinos, a vida não tem graça sem a gente. Afinal, ninguém se encaixa melhor em um abraço do que uma mulher. Ninguém completa um beijo melhor que uma mulher. Ninguém completa alguém melhor que uma mulher. Somos únicas, mulheres. Somos divas. Somos, simplesmente, mulheres!
Camila Pires
Agora eu volto ao meu lado feminista de ser. Por que se nós mulheres somos complicadas, eles também são! Ah são sim! Não há um só dia que ao menos uma mulher no mundo não diga “eu não entendo os homens”. Mas ninguém disse que um homem era algo a ser entendido. Eles deveriam, assim como nós, vir com manuais de instruções. Tudo seria tão mais fácil. Principalmente aquela parte de “dicas de uso”, sabe? Não que façamos deles objetos, com botão “liga/desliga”. Mas não seria uma má idéia, se cada um deles tivesse suas instruções próprias. Eles também adoram reclamar da vida. É chato fazer barba, cuecas são desconfortáveis, mulheres são complicadas e assim segue a lista de reclamações. Se pensarmos pelo ponto de vista deles, realmente deve ser difícil achar conforto com um membro entre as pernas. Este ‘apetrecho’ lhes tira uma boa parte de liberdade. Não podem cruzar as pernas, não podem sentar de qualquer jeito, precisam ficar com as pernas mais abertas (precisam mesmo?). Mas antes com ele, que sem ele. E tenho certeza que nenhum homem discorda de mim. Afinal de contas ele tem boas utilidades. Mas enfim, “ele” não é o assunto da conversa. Homens também reparam nas coisas. Ok, nem todos. Mas uma boa parte repara. Homens também falam mal (e como falam). Homens também ficam confusos e ao contrário do que a maioria enche a boca pra falar por aí, homens também choram! Sim, eles choram. E eles são sensíveis de um modo que nem imaginamos. Eles são inseguros, eles são medrosos. Então quando o assunto é o sexo oposto (no caso, nós mulheres) eles se desdobram, se desmancham e deixam de lado seus machões interiores para nos deixar aos seus pés. Existem os canalhas, os sinceros, os brutos. Os que são carinhosos mas não são românticos. O que são românticos, mas que nem sempre sabem fazer carinho. Há aqueles que grudam e aqueles que não grudam com medo que nos afastemos. Mas aí já entra o nosso lado da história: “não gostamos de homens grudentos”. Eles têm medo de se aproximar muito rápido. Têm medo de não se aproximar e perder a chance. Eles têm medo de tudo. Mas aos nossos olhos eles são necessários. O mal necessário, talvez. Mas, ainda assim, necessários. Ninguém completa nossos beijos melhor que um homem. Ninguém nos completa melhor que um homem. Eles são nosso porto seguro. Eles são únicos, mulheres. Eles são homens. Eles são, simplesmente, homens!
Camila Pires
Falar de fidelidade é muito bonito. Não aceitar uma traição é muito justo. Querer atenção exclusiva diariamente, inclusive em festas e feriados... é ‘encheção’ de saco. Mas não chega a ser um motivo pra infidelidade. Muitos amigos, homens, já me disseram: “Eu gosto dela. Eu amo. Mas aproveitar a vida não faz mal a ninguém”. Aproveitar a vida? Na minha opinião se você quer aproveitar a vida, porque não curtir uma vida de solteiro? Acho que voltamos para o antigo caso de todo mundo precisa de um aperitivo diferente pra esquentar a relação verdadeira. Continuo não concordando com nada disso. Chamem-me de retrógrada ou seja lá qual for o apelido da vez. Mas ainda acho que a partir do momento que você assume um namoro, noivado, etc com alguém, cabe àquela pessoa, e só àquela pessoa fazê-lo feliz. Caso ela não consiga, parte-se pra outra. Mas traição é algo um tanto forte, principalmente para um romântico, que ainda acredita em castelos de areia. Não existem mais românticos assim? Engano seu. Estou aqui, diante de você. Dizendo com todas as letras que durante anos da minha vida eu esperei um príncipe encantado. Hoje mais velha e mais desiludida eu sei que estes não existem. O que não quer dizer que deixei de acreditar no amor verdadeiro. Ele não precisa vir em um cavalo branco (um fusquinha já está de bom tamanho). Senão, se vier a pé também não me importo. Não gosto desse materialismo que só nos leva a enxergar o próprio umbigo. Mas voltando ao assunto para não perder o fio da meada, há ainda aqueles que se dizem incapazes de serem fieis. Aqueles que logo que se prendem a uma namorada, vem com o famoso papo furado “é que eu ainda não me acostumei a não ser solteiro”. Ah, pra cima de mim? Onde foram parar os homens que ao serem convidados para uma noitada entre amigos, pensam seriamente duas vezes antes de aceitar, porque sabem que podem acabar magoando de verdade aquela que estará em casa, agarrada ao travesseiro, pensando neles? Ainda existem? Se existem, são raros. São muito raros. E terei de deixar de lado o ângulo feminista. Mesmo por que, atualmente, as mulheres não estão ficando para trás. Não é difícil chegar a uma festa e ver ambos os sexos numa disputa, contando vantagens de quem “pega” mais que o outro. Fato que a época dos românticos já passou. O romantismo de hoje resume-se a um buquê de flores e aquela cara do tipo “dê-se por satisfeita(o)”. Gente, onde esse mundo vai parar?
Camila Pires
Ainda no lado sexual de nossas conversas, é engraçado como o mundo de hoje zela por uma beleza perfeita. Não digo que todos os homens só se casem com as mulheres esculturais, mas aposto que se você perguntar a todos eles se preferem ao seu lado uma mulher gordinha, eu dou minha cara a tapa como antes da resposta você vai receber uma risada sarcástica em troca. Não estou dizendo que as gordinhas não valem a pena. Muitas gordinhas que eu conheço são casadas e felizes. E por sinal, gordinhos geralmente são extremamente simpáticos. Porque será? Enfim. O que eu estou tentando encaixar nesta conversa é o fato de que se colocarmos uma gordinha ao lado de uma ‘miss’, qual desencalharia primeiro? Antigamente, como podemos ver nas famosas pinturas (de autores que não vêm ao caso, por que o papo não é sobre eles) as ‘rechonchudas’ estão sempre em primeiro plano. É como se o homem antigo soubesse realmente apreciar seus ‘pedaços de carne’. Aliás, pensamento um tanto carnívoro esse, que não mudou muito até os dias atuais. Muitos homens parecem, realmente, nos ver como presas. Fáceis ou não, mas ainda sim presas. Quando passamos na rua com um short um pouco mais colado, ou uma saia um pouco mais acima do joelho, somos olhadas, secadas, quase engolidas pelos olhos daqueles que nos vasculham de longe para ver se o ‘bife’ é suficiente pra saciar sua fome. Bumbuns esculturais, coxas torneadas, seios fartos e decotes. Muitos decotes. Isso leva os homens às alturas. Mas ainda digo que muitos deles terminam casados com gordinhas, baixinhas, que estão longe da beleza escultural. Então de que adianta ter a bunda grande, e andar com um fio dental (que incomoda horrores) pelas praias e ruas, se no fim das contas todas nós ainda somos, irritantemente, vistas como pedaços de carne? Não faço questão, se o caso for esse. Prefiro minhas calças jeans, minhas bermudas folgadas e quem sabe, meus vestidinhos ousados, sim, pois ninguém é de ferro. Mas sair por aí querendo apenas aparecer. Nadica! Sem chances! Mesmo por que todas nós sabemos que eles olham aqui e ali, pegam aqui e ali, mas no fim das contas eles gostam é das comportadas. “O que ela faz comigo, faz com os outros”. Ô bando de homem medroso. Tudo o que eles querem é uma carne pra saborear aos fins de semanas, e um doce pra o resto da vida. Homens. Homens são todos assim? Espero que não. Não queremos morrer solteiras.
Camila Pires
Acho a maior graça quando adultos arregalam os olhos e procuram o controle da televisão para que possam mudar de canal antes que os jovens ao lado não escutem o final de uma frase pornográfica. Acho graça não só pelo fato dos olhos se arregalarem, mas por ficarem encabulados, querendo esconder situações que podem ser deixadas pra “mais tarde”. Uma cena de sexo por exemplo. Não houve uma só vez que eu vi um pai ou uma mãe assistir a uma cena de sexo ao lado dos filhos, sem ao menos ter uma pontinha de rosto corado ao ouvir todos aqueles gemidos e gritos do tipo “oh yeah!”. Aceitável que não é nada confortável presenciar tais cenas ao lado de um menino ou uma menina de 12 anos. Mas inaceitável acreditar que um menino de 12 anos vai olhar aquilo e perguntar “mamãe, o que eles estão fazendo?”. Acredite, aos 12 anos seu filho, assim como 90% dos meninos, saberá perfeitamente o que eles estão fazendo com toda aquela barulheira e movimentos pouco delicados. Talvez por parte das meninas ainda possa haver um comentário do tipo “ela está machucada mamãe?” ou “por que ela grita tanto?”, deixando você mais encabulado ainda. Mesmo por que, apesar do comprovado crescimento intelectual feminino acontecer antes dos meninos, aos 12 anos, elas ainda querem saber apenas qual será a Barbie do natal. Não se trata de os meninos se tornarem maliciosos antes de nós, ou que nossa ingenuidade deva ser mantida por mais tempo. O que também não deixa de ser verdade. Se pararmos para pensar, em pleno século XXI, as meninas ainda são instigadas a bancar as virgens, no sentido não literário da palavra. A sociedade ainda nos julga pelo tempo que durar nossa santa castidade. Castidade? Isso ainda existe? Atualmente os padres ainda juram castidade. Atualmente os menores desavisados terminam trancados em seus recintos e curiosamente na delegacia (ou no hospital) no dia seguinte! Não acredito nesse papo de santa castidade. Muito menos que haja uma idade certa para que ela vá embora. Tive amigas que deixaram de ser “puras” aos 14 anos e vivem satisfeitas, mesmo depois de ataques histéricos de seus pais quando descobriram (se descobriram). Tenho amigas que são virgens aos 22, e que me fazem as mais esdrúxulas perguntas, que ao pensar nas respostas não sei se choro, ou se dou risada. Não digo que é lastimável que isso aconteça. Longe de mim. Minha mãe vive dizendo que casar virgem é o canal. Mas colocar regras, datas e horas pra isso acontecer, chega a ser ridículo. Não somos nenhuma espécie de sociedade hippie (sexo livre), mas calma aí, senhores, a ditadura já terminou. Além disso, vontades e oportunidades acontecem sem que possamos escolher o dia certo. Posso ter meu primeiro amor e me entregar por completo aos 15 anos, ter uma vida feliz, aprender a ser responsável com meu corpo e descobrir as conseqüências que me acometeriam se eu não o fosse. Como posso passar a vida inteira esperando a minha hora certa, me casar esperando a hora certa, e na hora “certa” eu descobrir que deveria ter perdido minha ‘pureza’ com o primeiro namorado aos 15 anos. Enfim, enquanto não inventarem uma agenda que funcione de acordo com cada um, sou a favor que cada um crie a sua própria agenda. Cada um agüente os prós e os contras, e se achar que já é hora, mesmo que não seja a tão famosa ‘hora certa’, seja feliz, meta as caras (e algo mais) e vá em frente. Segundo o nosso adorado ‘plim-plim’: “a festa é de quem quiser e quem vier...”. Hoje em dia, a vida é uma loucura, não acha?
Camila Pires
É tarde. Uma fria tarde de um domingo chuvoso. Nada de empolgante a se fazer. Ando pela sala, num vai-e-vem cansativo, vasculhando cada canto da casa a procura de uma ocupação. Sento-me. Do sofá, o tique-taque incessante do relógio aumenta a cada toque, quase escrevendo na minha testa que estou desocupada. Para quem ligar? O que falar? O que fazer? Nada. O jeito é continuar sentada no sofá, pensando na morte da bezerra. Por falar nisso, coitada! Com tantas expressões por aí, resolvem logo matá-la. De onde surge tamanha crueldade? Provavelmente da mente de algum desocupado, como eu, que não tinha mais nada pra pensar numa fria tarde de um domingo chuvoso. É nessas horas que nos vêm à cabeça todos os problemas. O que me ronda a cabeça hoje é o quesito “homens”. Não que se trate daquelas coitadas que jamais sentiram a delicia de um beijo. Longe de mim. Mas exatamente por ter experimentado certos beijos, que aqui estou num domingo qualquer, sentada no sofá, pensando neles. Homens, o mal necessário! O que seria de nós, mulheres, se todos eles fossem extintos da terra? Provavelmente teríamos uma vida muito menos tensa. Teríamos mais tempo pra ir ao salão de beleza, com menos gente pra reclamar que desse jeito o salário não dura até o fim do mês. Não teríamos o problema de ser o sexo frágil. Não teríamos sexo. É, pensando bem, talvez eles não sejam tão “mal” assim. Talvez no fundo eles tenham mil e uma utilidades. Não é que não servimos pra trocar um pneu, ou consertar o resistor do chuveiro. Mas não é nada confortável encher as mãos de graxa, logo depois de ter todo o cuidado para deixá-las impecáveis. E alem disso, já que eles é que sabem consertar o chuveiro, não há motivos pra levarmos choques à toa. Por falar nas unhas, se não fossem eles, não teria graça nos exibir só pras amigas, afinal de contas, no fim de tudo, queremos ser notadas por eles, não por elas. Que se explodam as diferenças. Homens são realmente necessários. Um dia toda mulher tem que acabar confessando. Jamais pensei que confessaria isso numa tarde de um domingo chuvoso. Pelo menos confesso sozinha, para mim mesma. Caso alguma amiga me pergunte, o conselho continua sendo o de sempre: ‘Homens? Mantenha distância, eles são apenas o “mal necessário” ‘
Nada além de um vício.
Letras e palavras que se desembaralham,
trazendo versos que, às vezes sem sentido, traduzem exatamente o que se passa aqui dentro.

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