Camila Pires
É tarde. Uma fria tarde de um domingo chuvoso. Nada de empolgante a se fazer. Ando pela sala, num vai-e-vem cansativo, vasculhando cada canto da casa a procura de uma ocupação. Sento-me. Do sofá, o tique-taque incessante do relógio aumenta a cada toque, quase escrevendo na minha testa que estou desocupada. Para quem ligar? O que falar? O que fazer? Nada. O jeito é continuar sentada no sofá, pensando na morte da bezerra. Por falar nisso, coitada! Com tantas expressões por aí, resolvem logo matá-la. De onde surge tamanha crueldade? Provavelmente da mente de algum desocupado, como eu, que não tinha mais nada pra pensar numa fria tarde de um domingo chuvoso. É nessas horas que nos vêm à cabeça todos os problemas. O que me ronda a cabeça hoje é o quesito “homens”. Não que se trate daquelas coitadas que jamais sentiram a delicia de um beijo. Longe de mim. Mas exatamente por ter experimentado certos beijos, que aqui estou num domingo qualquer, sentada no sofá, pensando neles. Homens, o mal necessário! O que seria de nós, mulheres, se todos eles fossem extintos da terra? Provavelmente teríamos uma vida muito menos tensa. Teríamos mais tempo pra ir ao salão de beleza, com menos gente pra reclamar que desse jeito o salário não dura até o fim do mês. Não teríamos o problema de ser o sexo frágil. Não teríamos sexo. É, pensando bem, talvez eles não sejam tão “mal” assim. Talvez no fundo eles tenham mil e uma utilidades. Não é que não servimos pra trocar um pneu, ou consertar o resistor do chuveiro. Mas não é nada confortável encher as mãos de graxa, logo depois de ter todo o cuidado para deixá-las impecáveis. E alem disso, já que eles é que sabem consertar o chuveiro, não há motivos pra levarmos choques à toa. Por falar nas unhas, se não fossem eles, não teria graça nos exibir só pras amigas, afinal de contas, no fim de tudo, queremos ser notadas por eles, não por elas. Que se explodam as diferenças. Homens são realmente necessários. Um dia toda mulher tem que acabar confessando. Jamais pensei que confessaria isso numa tarde de um domingo chuvoso. Pelo menos confesso sozinha, para mim mesma. Caso alguma amiga me pergunte, o conselho continua sendo o de sempre: ‘Homens? Mantenha distância, eles são apenas o “mal necessário” ‘
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Nada além de um vício.
Letras e palavras que se desembaralham,
trazendo versos que, às vezes sem sentido, traduzem exatamente o que se passa aqui dentro.

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