Camila Pires
Acho a maior graça quando adultos arregalam os olhos e procuram o controle da televisão para que possam mudar de canal antes que os jovens ao lado não escutem o final de uma frase pornográfica. Acho graça não só pelo fato dos olhos se arregalarem, mas por ficarem encabulados, querendo esconder situações que podem ser deixadas pra “mais tarde”. Uma cena de sexo por exemplo. Não houve uma só vez que eu vi um pai ou uma mãe assistir a uma cena de sexo ao lado dos filhos, sem ao menos ter uma pontinha de rosto corado ao ouvir todos aqueles gemidos e gritos do tipo “oh yeah!”. Aceitável que não é nada confortável presenciar tais cenas ao lado de um menino ou uma menina de 12 anos. Mas inaceitável acreditar que um menino de 12 anos vai olhar aquilo e perguntar “mamãe, o que eles estão fazendo?”. Acredite, aos 12 anos seu filho, assim como 90% dos meninos, saberá perfeitamente o que eles estão fazendo com toda aquela barulheira e movimentos pouco delicados. Talvez por parte das meninas ainda possa haver um comentário do tipo “ela está machucada mamãe?” ou “por que ela grita tanto?”, deixando você mais encabulado ainda. Mesmo por que, apesar do comprovado crescimento intelectual feminino acontecer antes dos meninos, aos 12 anos, elas ainda querem saber apenas qual será a Barbie do natal. Não se trata de os meninos se tornarem maliciosos antes de nós, ou que nossa ingenuidade deva ser mantida por mais tempo. O que também não deixa de ser verdade. Se pararmos para pensar, em pleno século XXI, as meninas ainda são instigadas a bancar as virgens, no sentido não literário da palavra. A sociedade ainda nos julga pelo tempo que durar nossa santa castidade. Castidade? Isso ainda existe? Atualmente os padres ainda juram castidade. Atualmente os menores desavisados terminam trancados em seus recintos e curiosamente na delegacia (ou no hospital) no dia seguinte! Não acredito nesse papo de santa castidade. Muito menos que haja uma idade certa para que ela vá embora. Tive amigas que deixaram de ser “puras” aos 14 anos e vivem satisfeitas, mesmo depois de ataques histéricos de seus pais quando descobriram (se descobriram). Tenho amigas que são virgens aos 22, e que me fazem as mais esdrúxulas perguntas, que ao pensar nas respostas não sei se choro, ou se dou risada. Não digo que é lastimável que isso aconteça. Longe de mim. Minha mãe vive dizendo que casar virgem é o canal. Mas colocar regras, datas e horas pra isso acontecer, chega a ser ridículo. Não somos nenhuma espécie de sociedade hippie (sexo livre), mas calma aí, senhores, a ditadura já terminou. Além disso, vontades e oportunidades acontecem sem que possamos escolher o dia certo. Posso ter meu primeiro amor e me entregar por completo aos 15 anos, ter uma vida feliz, aprender a ser responsável com meu corpo e descobrir as conseqüências que me acometeriam se eu não o fosse. Como posso passar a vida inteira esperando a minha hora certa, me casar esperando a hora certa, e na hora “certa” eu descobrir que deveria ter perdido minha ‘pureza’ com o primeiro namorado aos 15 anos. Enfim, enquanto não inventarem uma agenda que funcione de acordo com cada um, sou a favor que cada um crie a sua própria agenda. Cada um agüente os prós e os contras, e se achar que já é hora, mesmo que não seja a tão famosa ‘hora certa’, seja feliz, meta as caras (e algo mais) e vá em frente. Segundo o nosso adorado ‘plim-plim’: “a festa é de quem quiser e quem vier...”. Hoje em dia, a vida é uma loucura, não acha?
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Nada além de um vício.
Letras e palavras que se desembaralham,
trazendo versos que, às vezes sem sentido, traduzem exatamente o que se passa aqui dentro.

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