Camila Pires
Às vezes o vazio me consome, o medo aperta meu peito.
É, na verdade, uma incerteza, um frio na barriga por aquilo que desconheço.
Esse medo não é do passado, nem do presente, mas sim do futuro.
O passado não me amedronta, o presente não me domina, a vida apenas segue no ritmo que deve ser.
Do passado sinto saudades.
No presente mantenho a calma, vivendo um dia de cada vez como se o céu fosse o limite, o mar fosse sempre azul e o horizonte estivesse bem ali, no dobrar da esquina.
Sobre o futuro? Esse costuma ser incerto e quando eu menos espero o passado vem à tona, o presente fica estagnado e o futuro se fecha numa caixa de lembranças que eu nem ao menos sei a que tempo pertenceram.
Aí percebo que o limite é que se encontra na próxima esquina, que o mar também oscila e que o horizonte é mais distante do que eu pude imaginar.
Aí, então, fecho os olhos.
Fecho os olhos e percebo que tudo é apenas como tinha de ser e que não mais será se assim for o caso.
Apenas fecho os olhos e deixo que a vida aja, que o mar me ofusque, que o horizonte se aproxime e que o limite vá muito além do céu.
Talvez, assim, eu entenda porque é tão difícil não te ter aqui.
Talvez, assim, eu perceba porque é tão difícil não dizer ‘te amo’.
Talvez, assim, eu descubra porque o mar é azul.
Talvez assim eu saiba porque durante algum tempo eram suas as pegadas que estavam junto as minhas na areia.
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Nada além de um vício.
Letras e palavras que se desembaralham,
trazendo versos que, às vezes sem sentido, traduzem exatamente o que se passa aqui dentro.

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